O palco é o território da imaginação, da liberdade, da fantasia e do limite estabelecido por ele próprio. O palco é também um enfrentamento público: eu e a plateia toda me olhando. É onde a criança sente-se realmente doando-se ao outro. Conseguir mostrar-se no palco é um grande exercício de auto-estima. É colocar em prova a segurança em si e testar a própria liberdade. É a ausência de medo, de ser julgada, de ser medida.
O palco põe em cheque a integridade emocional da criança e quebra barreiras de insegurança e timidez, projetando-a para um modo de viver mais feliz e mais livre. Podemos dizer que a experiência do palco turbina a auto-estima. Uma criança que vive esta experiência na infância dificilmente terá receio de falar em público mais tarde e expôr sua opinião quando a vida adulta, acadêmica e profissional lhe exigir.
Trabalhar o teatro-dança, como é o nosso caso, no cotidiano da escola é preparar a criança para a vida. Enfrentar o palco é enfrentar a vida. É treinar a superação de obstáculos anestesiado pela própria endorfina. Raramente uma criança chora porque caiu no palco. Ao contrário, ela observa a reação da plateia e no mais das vezes fica é feliz com este diálogo coletivo, estabelecido entre ela e o público; entre eu e todos os olhos ali me olhando, aplaudindo, sorrindo, incentivando.
Este é um momento único quando a criança está em uma posição mais alta do que o adulto. Do palco ela olha de cima, é quem comanda. É ela quem provoca os risos, os aplausos. Seus olhos brilham; e nós aqui debaixo da plateia também brilhamos com ela.
Olga Brasil