Ano 2, Nº 1

João Pessoa, abril de 2013

Editorial

A Escola Sempre-Viva começa o ano com os pés descalços para afirmar que antes da pesquisa, da aquisição de conhecimento, do desenvolvimento cognitivo, é importante lembrar que a infância é o melhor período de nossas vidas. A infância pede pés descalços, brincadeiras ao ar livre, sombra de árvore e o mais importante: compreensão por parte dos adultos. Compreender que o mundo infantil tem sua própria lógica, portanto, é essencial não querer que as crianças ponham o pé na vida adulta. É mais saudável fazer ao contrário, e nós adultos pormos o pé na infância. O ganho é bem maior para todos.

O Ensino Fundamental (1o. ao 5o. Ano) inicia vivenciando a cidadania na família, na escola e na própria criança. O mundo adulto pede trabalho, dinheiro, diversão, romance, etiqueta, poder. O mundo infantil pede imaginação, fantasia, leveza, curiosidade, beleza, harmonia, afeto, traquinagem, um sentido de pertença à sua própria natureza. A criança dá ao adulto a chance de transitar no seu mundo e resgatar esta possibilidade de viver sua dimensão. Não arrastemo-la precocemente ao nosso mundo. A infância é ínfima em relação aos anos que aqui vivemos – dura apenas 10 anos. Nenhum segundo deve ser roubado a favor do mercado; deixemos que o capital espere nossos filhos crescerem harmonicamente, sem ansiedade, pois “os rios correm devagar”.

Respeitar a infância é respeitar a felicidade, é reconhecer que o homem nasceu para viver no paraíso, não no paredão. Os projetos que desenvolveremos ao longo deste ano comprovarão que as crianças não precisam ter postura de adulto para adquirir conhecimento; aprenderão o que devem aprender na sua idade de forma lúdica, no seu estilo, não na medida do mundo adulto, ansioso por envelhecê-las sem nem ao menos questionar-se o porquê e para que.

Olga Brasil