Escola é Vida

        Aprender dentro da vida é contextualizar o conhecimento e fazer com que as crianças vejam este conhecimento como um instrumento real que poderão utilizar no seu cotidiano. A experiência nos tem demonstrado que crianças ainda bem pequenas gostam de aprender atividades do mundo dos adultos, consequentemente oficinas de culinária e costura fazem sucesso entre elas. Saber fazer sua própria comida, lavar a louça que sujou ou fazer brotar de suas mãos algo que ela consiga usar no dia-a-dia é conferir-lhe autonomia e independência.

        A escola não pode ser um espaço chato e enfadonho para a criança, onde seus movimentos são sempre tolhidos e sua criatividade fica adormecida. Ao contrário, ela deve ser um laboratório de conhecimento e de criatividade dentro da medida certa para sua idade, nem mais nem menos. Muito academicismo antes do tempo acaba gerando o efeito contrário: desgaste de energia cerebral, a qual lhe fará falta no futuro. Este estudante que adquire o conhecimento à base de sofrimento jamais terá amor pela pesquisa, nunca buscará o conhecimento pelo prazer em aprender; poderá até buscar um diploma por imposição ou necessidade social quando não chegar ao pior: abandonar os estudos. Mas jamais será um cientista, um apaixonado pelas belezas culturais acumuladas na humanidade – sua maior herança.

        Culpa dele? Não, culpa da escola que não soube ser-lhe fiel intermediária do conhecimento, não soube ser como os sábios homeopatas – pacientes, cautelosos – dando as gotinhas paulatinamente nas doses certas. O problema está no mundo adulto, ansioso, apressado. O sistema busca mão-de-obra, adulto gerando capital. Infância dá prejuízo, despesas sem retorno imediato, só que não percebemos os consultórios psicanalíticos abarrotados hoje e futuramente mais ainda.


A escola infantil mais que qualquer outro espaço tem que conferir à criança cidadania: harmonia com o meio ambiente, convívio saudável com as pessoas, alimentação que não prejudique sua saúde na idade adulta, hábitos compatíveis com sua idade, respeito ao seu nível de desenvolvimento e ser, antes de tudo, como disse Paulo Freire, “lugar de gente feliz”. Daí porque o prazeroso contato com a água nas aulas de natação, o trabalho de ginástica olímpica dando flexibilidade e equilíbrio ao corpo e a mente, o despertar da música com a percussão, exercício de concentração e o gosto pela música clássica das aulas de violino são tão importantes quanto as pesquisas, as aulas-passeios, os seminários das disciplinas curriculares propriamente ditas. Isto é a Sempre-Viva há décadas, demonstrando que a educação pode fazer diferente porque acredita que “é preciso plantar a semente da educação para colher o fruto da cidadania” – pegando emprestada as palavras do sábio Paulo Freire.

 


        

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