Nossa beleza reside na diferença cultural peculiar do lugar onde vivemos. A globalização é uma ameaça constante a esta singularidade. Não que ela seja um mal em si, mas pode se tornar caso não estejamos bem sedimentados em nossa cultura. A globalização exige maior consciência de que não podemos deixar de ser um povo (se é que somos).

A globalização é boa mas perigosa.É bom pensar se não estamos entregando demais nossos destinos. Vejamos quantas perdas este “progresso” já nos causou: os quintais, as ruas para correr, o direito de ir e vir sozinhos e seguros para a casa do vizinho, dos avós, dos tios, as contações de história em família, mães em casa tempo integral, pais e mães menos estressados, e por aí se vai. O próximo passo está explícito. Perderemos nossa identidade. Pense antes que seja tarde. Raiz não se improvisa. É plantada, cuidada, cultivada. É responsabilidade da nossa sociedade zelar pela consolidação da identidade dos seus membros.
(O livro de Ghada Karmi – Em Busca de Fátima, da Ed. Record – é um alerta para o perigo da não-consolidação da nossa identidade. Este narra a vida de uma palestina, cuja babá chamava-se Fátima; o resto só vai saber quem ler).
(Texto originalmente publicado no jornal Contraponto em 01/2014)